narração
.:- falas
.:- falas alheias
[size=18].:: lookin' for something? ::.
.:- Aaah, eu sei que está aqui em algum lugar!Grunhiu Max com sua voz grave, revirando as caixas pesadas recheadas com seus livros. Ele sabia que a última edição de
Aerican's Myths and Legends, de Gary Oklahn, fora empacotado junto dos outros livros, contudo, por alguma razão, não conseguia encontrá-lo em lugar algum.
A casa ainda estava repleta de caixas e mais caixas com os seus pertences, móveis desparelhados nos aposentos errados e algumas janelas ainda fechadas com tábuas. Seu pai comprou-lhe aquela velha casa em Forks para Max, após muita insistência, quando soube que o filho se mudaria para ali. A residência tinha um ar abandonado que causava arrepios - o que agradou muitissimo ao seu novo dono.
Doc. Maxwell Hoover mudara-se para Forks havia apenas alguns dias, embora a decisão tenha sido tomada meses atrás. Aquela fora, na verdade, sua primeira noite na casa e cidade novas, e, apesar de ter dormido sobre um colchão no chão da sala de estar, ele tivera um sono excelente, acordando na manhã seguinte com uma disposição irrefreável de arrumar tudo.
E era o que ele estivera fazendo desde as sete horas da manhã: colocando os móveis nos aposentos certos, desenpacotando tudo e colocando na meticulosa ordem que tanto gosta. O meio-dia chegara rapidamente, e Max já deixara pelo menos metade de cada aposento arrumado. Ele estava no terceiro quarto da casa, que ele usaira como escritório, desenpacotando os livros para colocá-los na estante, quando deu por falta do seu volume preferido.
Os pensamentos sobre sair e almoçar em algum restaurante da cidade voaram de sua mente, que se ocupou com apenas uma coisa: encontrar o livro desaparecido. Tudo o que ele arrumara há pouco virou de cabeça pra baixo enquanto ele procurava o livro nos mais prováveis - e improváveis - lugares. Em meia-hora ele revirara toda a casa, a camiseta branca que usava já colando em seu tronco molhado de suor apesar da fina chuva que caía lá fora.
Enfim se dando por vencido e admitindo que talvez tivesse esquecido o livro em Seattle, provavelmente no apartamento do ex, ele se jogou no sofá da sala de estar, que fora parar bem em frente à janela. Enquanto observava a chuva cair lá fora, molhando as plantas do jardim e batucando de leve na janela, Max percebeu que sua disposição para arrumações se esvaíra, e que não conseguiria terminar de arrumar tudo àquela tarde.
.:" Se eu ao menos soubesse onde aquele livro está poderia continuar... ":.Pensou, coçando distraidamente a barriga com a mão direita, deslizando-a logo em seguida para apoiá-la em cima do joelho. Subitamente, lembrou-se do comentário que ouvira no dia anterior, sobre uma livraria na cidade vizinha que tinha todos os tipos de livros que alguém pudesse querer.
.:" Já que meu livro foi perdido, acho que o jeito é comprar um novo... Quem sabe eu não aproveito e compro alguns outros que me interessem? ":.Refletiu, antes de saltar do sofá e correr da sala para o corredor, e dali para o primeiro andar. Esquecendo-se completamente da fome, tomou uma rápida ducha, vestiu um par de jeans escuros, uma camisa azul-marinho e colocou uma jaqueta preta, correu para a garagem e saiu no carro em direção à Port Angeles.
O carro era outro "presente" do pai de Max, desta vez dado por insistência da mãe. Era o último modelo de um carro da Ford, preto. Hoover não era do tipo que dirigia rápido, mas hoje havia uma ansiedade nele que o fez correr o mais rápido que pode em seu carro novo, chegando em Port Angeles mais rápido do que normalmente chegaria.
Uma vez na cidade, rodou atrás da tal livraria, encontrando-a mais cedo do que esperava. Ao entrar, notou o homem de aproximadamente quarenta anos no balcão, uma pele morena, olhos e cabelos muito negros.
.:" Deve ser descendente de indios nativos, ou algo assim. ":.Refletiu, observando que ele não parecia ter notado a sua entrada, entretido que estava com o livro em mãos. Dirigiu-se às prateleiras à esquerda e começou a ler as lombadas dos livros, procurando o volume que tanto ansiava - ou algum titulo que lhe soasse interessante.
Aqui e ali, mais ou menos a cada quinze livros, ele parava, retirava o livro da prateleira, e dava uma olhada com uma expressão inquisitória, tentando se decidir se levaria ou não. Dois de cada cinco livros que pegava ele ficava, com a intenção de comprar.
Fora entre as prateleiras do meio que Max encontrou o que procurava, assim como uma bela mulher de cabelos ruivos e olhos castanhos. Hoover sentiu-se incomodado ao ver o pouco espaço, entre a mulher e a prateleira, que teria para passar, e sentiu o rosto corar muito de leve - ainda mais ao perceber o olhar interessado até
demais que ela lançava para ele.
.:- Ahm... c-com licença...Sussurrou rouco, fazendo menção de passar por ela, que não fez o menor esforço em se encolher contra a prateleira, forçando Max a ter o corpo tão junto do dela que, quem visse do ângulo errado, diria que os dois estavam fazendo sexo no meio da livraria.
.:- Você não é daqui...Ela sussurrou, quando Max já estava do outro lado, intentando ir até o balcão. A mulher aproximou-se dele, acompanhando-o na direção que ele tomava.
.:- A-ah... é, n-não, não sou...Ele respondeu, chegando ao balcão e apoiando os livros na superficie de madeira lisa, tentando chamar a atenção do balconista, de costas para ele. A mulher parou ao lado, empinando os seios quase saindo do decote.
.:- De onde você é?Indagou, aproximando-se mais e lançando olhares cheios de lascivia para Max, cada segundo mais incomodado com a situação e tenso.
.:" Da onde saiu essa mulher? Será que estou de volta aos tempos de high school em Beverly Hills? ":.Perguntou-se, respondeu secamente que vinha de L.A. Ele então esticou o braço sobre o balcão e virou o balconista segurando-o pelo ombro.
.:- Será que eu posso pagar isso aqui e me livrar dessa ninfomaniaca?Perguntou rispidamente ao homem, que olhou de Max para a mulher visivelmente ofendida e riu, voltando-se para a pilha de livros. Hoover, voltou o olhar para a mulher, pensando em se desculpar, mas apenas mirou-a, abriu a boca como se fosse falar e encolheu os ombros, colocando a atenção no balconista outra vez.
A mulher, parecendo ofendida, virou-se firmemente e saiu da livraria batendo a porta com força. Max revirou os olhos, pensando que enfim se livrara dela. O homem nativo informou o preço das comprar para Max, que entregou-lhe o cartão.
.:- ObrigadoFalou em voz baixa antes de sair da livraria com a pilha de livros recém-comprados, outra vez pensando em sair para almoçar.